Saturday, December 26, 2009

Esquecimento

E o verbo fez-se palavra
E a palavra: esquecimento
Seu, finalmente, esquecimento
Que agora paira
Como uma fraca sombra
Debaixo de um sol de verão

-E já, há muito tempo, as borboletas vagueiam por aí
Eu que nunca quis vê-las.....

Saturday, December 19, 2009

"é como me perder de Deus, e eu não quero...."

Perdão você - Marisa Monte

Thursday, December 17, 2009

Medo da vida que voa leve....

Às vezes, quando a vida voa leve leve assim, sem medo da brisa, do vento ou da tempestade, me dá um sensação estranha, de que se ela continuar leve assim eu posso acabá-la perdendo em algum lugar distante (e bom), e o meu medo da felicidade me amarra nos pés dois pesos: um de insegurança e outro de dúvidas...

- Vá menina, deixe de ser besta. A vida está ai pra ser vivida, e da melhor maneira que se pode! Se as borboletas vierem, deixe que pousem e fiquem pelo menos para o chá da tarde...

Tuesday, December 01, 2009

Milagres

São incríveis os milagres que uma boa noite de conversa fazem....




Obrigada

O dinheiro sobra dali...e falta daqui

Nesse vuco-vuco de histórias mal contadas sobre o destino de alguns milhares de reais, recebo a notícia de que no hospital de base pararam de operar por falta de linha cirúrgica....
- Mas minha gente, eu coloco dinheiro na cueca pra ir comprar panetone para as famílias carentes!

É isso ai...cada povo tem o governo que merece...

Colcha de retalhos


As lembranças são como uma colcha de retalho: cuidadosamente costuradas por mãos calejadas de esperança, fios de saudade, agulha feita de sonhos que não se cumpriram e os retalhos...Ah!!..Os retalhos são aqueles pedacinhos da vida memoráveis que dão gosto de costurar assim, montando um desenho totalmente novo de futuro!

Tuesday, October 27, 2009

A falta...


Hoje acordei num susto, sem fôlego, sentindo que estava faltando algo, como há muito tempo eu não sentia. Foi me dando aquela angústia, aquele aperto vazio tão típico. Girei na cama na esperança de que se eu mudasse de posição um numero de vezes suficiente, balançando todo meu corpo, eu seria capaz de colocar de volta no lugar aquilo que parecia estar faltando. Mas não adiantou, aquele sentimento de falta continuava lá, me sufocando. Levantei no quarto ainda com as janelas fechadas, tudo escuro e me dirigi ao banheiro. Lavei o rosto e ao olhar no espelho já não me reconhecia mais! Que diabos estava acontecendo, eu estava ainda em um pesadelo? Brincadeira de mau gosto? Queria de volta aquilo que havia sido tomado de mim, mesmo eu não sabendo ainda o que seria, eu me queria de volta, queria me olhar no espelho e me reconhecer novamente!
Abri a janela em pânico, com um grito abafado na garganta, na esperança de que os raios quentes de sol me fizessem acordar no mundo em que eu conhecia. Mas não aconteceu. O céu estava azul, o sol brilhando ainda fresco pois era começo do dia e um passarinho pousou no fio de luz em frente á minha janela. Sorri.
Sorri como há muito tempo eu não sorria, um sorriso vindo do fundo da alma, naquele lugarzinho que eu tinha trancado a sete chaves e tentado esquecer. Aquele lugarzinho chamado felicidade. Aos poucos fui identificando o que estava faltando, o vazio que estava me consumindo era o vazio deixado por toda carga pesada de ódios, tristeza, mágoas e rancores que eu já havia me acostumado carregar por tanto tempo. A pessoa que eu vira no espelho não era mais aquela com os olhos fundos de tanto chorar e com a qual eu já havia me acostumado comprimentar todas as últimas manhãs. Essa leveza toda me estranhava, a leveza da paz e da liberdade que fazia tempo que eu tinha cortado do meu cardápio.Estava tão leve que tinha medo de uma brisa me levar embora.
Hoje acordei vazia. Vazia de ódios, vazia de frustrações e vendo esse vazio tão grande percebi como era pesada a carga que eu carregava na alma e mal percebia. Tinha virado uma das mulheres mais fortes do mundo porque eu conseguia carregar todo esse peso mas a mais fraca dos seres humanos pois não conseguia carregar 10 gramas de perdão.
Mas confesso que tenho medo desse mundo novo, tenho medo dessas asas que eu não sei usar, tenho medo de toda essa felicidade e paz que invadiram a minha vida subitamente. Antes era tudo tão previsível: amanhã eu vou acordar, regar minha plantinha de mágoas, fechar os olhos para a beleza do mundo, resmungar o previsível, me cansar, chorar, ruminar dores na hora do almoço, lanchar um pedacinho de tristeza com cobertura de frutrações e ir dormir com o estômago vazio de qualquer sentimento minimamente bom. Agora todo esse mundão cheio de coisas maravilhosas para acontecer, olhando pra mim e me chamando...me assusta. Tenho receio que esse medo todo do novo me leve de volta para o buraquinho escuro do passado tão dolorido mas ao mesmo tempo tão seguro. O previsível é seguro, por pior que ele seja, estive acostumada ao previsível por muito tempo e agora com as rédeas de novo na minha mão...posso ir para qualquer lugar. QUALQUER LUGAR! Até aquele tão temido chamado felicidade.

Thursday, September 24, 2009

O Concreto desconcretizar


A minha poesia concreta se desconcretiza

Na mesma velocidade em que o sol se põem

Alto lá, no horizonte

Na mesma velocidade

Em que eu brinco de esconde-esconde

Com a minha própria sombra

Na mesma velocidade

Com que eu nasço e renasço de minhas cinzas

O des-concreto escorre pela calçada quente do meio dia

E corre até virar rio

E corre até virar mar

E corre até virar ar

E corre até virar o mundo inteiro

Não quero mais o eu-concreto

Me quero em todas as forma

Me quero em sua forma

Quero a minha forma na sua forma

A nossa forma (des) concretizada

Em algo que se re-concretiza em todo lugar

Sunday, July 05, 2009

Pássaro Azul


Meu mundo estava assim, como dizer…cinza. Não, não...melhor, bege! Não, digo...preto talvez. Ok, confesso, ele estava sem cor. Passava assim, num vuco vuco, coisas bestas, à toa, mágoas, tristezas, raivas de todos os gostos e categorias. Até que você apareceu. É, lembro-me bem, era um dia assim, como dizer...cinza, meio bege, hora preto e sem cor nenhuma. Um dia, quando muito, como todos os outros últimos dias. Mas você veio tenro e pousou, azul, bem na linha do meu horizonte. Fazia muitos e muitos dias, meses, quem sabe até anos que eu não via um azul assim, tão tenro e tão multicor. Eu achava que conhecia o azul - que há muito deixara de existir em meu mundo- até você aparecer voando assim, sem rumo esbarrando no mundo. E ainda bem que era o meu mundo.
O cinza foi tornando-se verde, o bege tornou-se amarelo, o preto virou violeta-avermelhado e da suas asas azuis furta-cor surgiram todas as demais cores que antes estavam faltando. Fiquei, como posso dizer...Boba. Nunca havia visto tantas cores na minha vida. Cheguei a pensar por muito tempo que todas as lágrimas corridas dos meus olhos tinham levado consigo a minha capacidade de enxergar colorido! Que surpresa agradável estava então acontecendo...
No entanto, tenro como chegou, suavemente partiu embalado pelas brisas leves da primavera que se aproximava. E levando embora debaixo de suas asas, foi-se todo meu inverno que eu pensei que seria eterno.
Não, não vou te prender, meu pássaro azul, que não é meu nem de ninguém. Sei que o seu azul em uma gaiola não tardar ficaria sem vida.Quero você livre para voar colorindo outros mundos tão acinzentados como era o meu. Quero o seu azul furta-cor colorindo o universo inteiro.
O melhor presente você já me deu: foi me trazer de volta a uma vida que eu achei que não era mais minha...

Tuesday, June 30, 2009

Mesmo tão tarde da noite, com os olhos cansados da visão da vida, e as costas pesando do peso das desilusões que carrego na mochila, vim para lhes contar. Contar como o desnecessário se fez sublime e adentrou janela adentro, mesmo com a minha cortina fechada. Vim pra lhes dizer, que o sol nasce amarelo e se põe alaranjado e as nuvens ficam levemente cor de rosas. Vim para lhes dizer que eu freqüentemente ando em círculos e, quem sabe, para provar que minhas teorias ligeiramente pessimistas a respeito da vida muitas vezes se comprovam....mas falo isso não com um ar de pesar ou tristeza, mas sim um ar de que eu não evitei o inevitável...mas eu esperava por isso...

Não sei como vou acordar amanhã, sei também que isso não é do interesse de todas as pessoas que acabam por aqui..mas mesmo assim escrevo porque quando escrevo eu me torno essencial, eu me torno necessária...eu olho para um espelho traduzido em palavras e fico calma quando as leio. Mesmo sabendo que aparentemente nada do que escrevo aqui faz sentido para quem vê de fora...fico feliz porque estou fazendo sentido para mim mesma...como se murmurando pensamentos em voz alta no meio da biblioteca abarrotada em épocas de provas. Um momento egocentricamente meu...egoisticamente meu...um momento meu que eu roubo de um momento de todos

Sou uma pessoas altamente sensível, no sentido que recebo facilmente as sensações externas, e que nessa minha sensibilidade...tudo que recebo revira muitas vezes tudo em mim de cabeça para baixo....talvez isso explique porque em grande parte do tempo eu me sinta meio caótica.

“ há meros devaneios tolos a me torturar” hoje eu te cantei isso....sentada na grama olhando para as plantas para não te encarar. Você não entendeu, não tinha como entender...e jamais entenderá...e fico feliz e relaxada com isso..quem sabe segura! Me escondo porque tenho medo...medo que zombes de meus devaneios tolos. Mas ao mesmo tempo...creio que me escondo na linha de frente de uma batalha que eu racionalmente não quero lutar, mas como sou um ser regido por emoções...cá estou, mesmo sabendo que a derrota é iminente,

Quem chegou aqui até o final....meus parabéns.....se você leu apensar essa linha, não se preocupe com o conteúdo do meu texto...ele fala apenas de meros devaneios tolos que me torturam.

Beijos..abraços...e a sublimidade de um algodão doce. No mais, “estou indo embora, baby”....


(04/05/2006)

Wednesday, April 22, 2009

“E quando tudo parou, não neguei um suspiro.”

Eu, dentro do carro, estacionada em frente à faculdade, comia distraidamente uma banana. Chovia. Eu brincava com as gotas de chuva que caiam no vidro. Imaginava qual delas chegaria primeiro ao final dele. Olhava as coisas passando, as pessoas, os pássaros, e um grupo de três policiais militares de braços cruzados na beirada da calçada que levava à entrada da universidade. Nesse momento, no canto esquerdo do vidro da frente do carro, à minha esquerda para ser mais exata, surgiu um rapaz. Ele tinha um casaco xadrez bege amarrado á cintura, cabelos cacheados e meio emaranhados, usava um short, tênis branco sujo e meias um pouco abaixo da canela.
Não sei o que houve, mas não consegui mais tirar os olhos dele. Parei de comer a minha banana e esqueci de mastigar o pedaço que estava em minha boca. Ele andava leve, indiferente aos impertinentes pequenos pingos de chuva que caiam. Eu passei a observar cada passo, cada sutil movimento seu, como um filme em câmera lenta. Nessa sua sutil leveza, o vi tirando uma gaita do bolso. Ainda nessa leveza, levou a gaita à boca, envolveu-a com as duas mãos em formato de concha e resumiu todo aquele momento em firmes, ao mesmo tempo em que suaves, notas musicais.
Naquele instante tudo mais parou, a única coisa que se movimentava era o rapaz, atravessando o espaço delimitado pelo vidro da frente do meu carro como se fosse a moldura de um quadro. A música servia de tinta. Já nem me lembrava mais que, alguns segundos atrás, comia esfomeadamente uma banana. Os policiais, que antes se ocupavam em murmurar entre si alguma fofoca, algum comentário para passar o tempo, calaram-se ao mesmo instante. Com os olhos, perseguiram aquele rapaz, como que o culpando por causar uma paz instantânea e sublime para aquele local, como que dizendo : “saia daqui rapaz, sem a desordem não temos trabalho. Se você ficar aí distraindo as pessoas com essa música, não teremos a quem prender, e seremos demitidos”. Eles o analisaram de cima abaixo, procurando qualquer sinal que fosse o suficiente para prendê-lo. A sua roupa meio desalinhada, seu cabelo despenteado, seu olhar displicente ou sua leveza momentaneamente sobre-humana, qualquer coisa que eles pudessem alegar como infrações à lei. Não encontraram nada. Naquele momento perfeito, nem eles conseguiram achar defeito.
Ele continuou caminhando e tocando, até que sumiu de minha visão. Por todo esse momento, senti-me como um ratinho vitima do flautista de Hamelin, indefesa ao som de sua música. Tentei voltar a ver a sua imagem, nem que fosse no canto do meu olho, ou ouvir as suaves notas de sua gaita, ainda que estivessem quase inaudíveis. Mas não consegui, aquele momento se havia acabado. O quadro pintado no vidro do meu carro, foi lavado pelas gotas de chuva que ainda corriam. Os policiais voltaram a fofocar e eu terminei de mastigar o pedaço de banana que ainda estava em minha boca. Soltei um longo suspiro, tinha esquecido de respirar. Abri a porta do carro de deixei que as gotas me molhassem.

13/11/2006

Saturday, April 11, 2009

Amor-zumbi




Acredite, amor também morre. Até aquele pra sempre. Principalmente aquele pra sempre, esse é o primeiro a morrer. E graças a Deus ele morre. Não digo que morre assim, pá pum, de uma vez, igual bandido tomando bala de PM no morro do Rio (ou vice versa...) Antes fosse assim. A vida de todo mundo, creio, seria mais fácil. Bem mais fácil.
Mas o que acontece é que amor é uma categoria especial de zumbi. Vira e mexe, quando você acha que o dito cujo finalmente passou dessa para uma pior, ele volta e agarra no seu pé. Mas não se preocupem, e só mirar na cabeça, desmembrar e queimar. Uma leitura muito recomendada nesses casos de amor zumbi é “O guia de sobrevivencia aos zumbis”.
Mas desde já posso dar algumas dicas, pois creio que todo mundo um dia vai ter problemas com amor-zumbi. Primeiro, por mais que o zumbi pareça em tudo com a pessoa que um dia você amou, não se esqueça, ele continua sendo um zumbi e a coisa mais importante a se fazer essa hora é: não escute o que ele fala! Todos os amor-zumbis têm o mesmo discurso : desculpa, não queria te deixar triste, eu ainda te amo, você é a razão da minha vida, eu ainda quero passar o resto da minha vida com você..bla bla bla, grunhidos indecifráveis bla bla bla...e coisas que normalmente não fogem desse padrão. Mas isso é uma tentativa do zumbi te distrair para se aproximar de você e comer o seu coração ( amor-zumbi come coração e não cérebro como os outros tipos de zumbis). Repito, não dê ouvidos ao que ele diz e nunca, NUNCA, tente argumentar ou entender o que ele diz. Não se esqueça, ele é um ZUMBI. Zumbis não falam coisa alguma com sentido. Argumentar é pedir para morrer e ter seu coração arrancado A melhor coisa a fazer sempre é atirar, esfaquear, arrancar a cabeça e queimar.
É, não digo que vai ser tão fácil assim. Mas você sempre tem que ter em mente que é uma questão de sobrevivência. Por mais que doa arrancar a cabeça do zumbi da pessoa que você amou tanto um dia e depois queimar o corpo esquartejado na fogueira, garanto que você se sentirá muito mais feliz e seguro logo em seguida.
Outra coisa muito importante para se fazer é se livrar de todas as coisas que o zumbi, ainda em vida, deu para você. Jogue tudo fora, melhor queimar tudo na verdade. Não há como ter certeza de que as coisas não estão contaminadas com um vírus zumbi temporariamente inativo. Melhor prevenir do que remediar. Fotinhos, bilhetinhos, presentinho, bichinhos, cartinhas...se livrem o mais rápido possível de todos os inhos e inhas.
Depois de todo o serviço bem feito, agora você pode descansar. Faça um pequeno luto, mais ou menos 10 minutos em memória ao defunto. Pode até chorar, mas não muito. Tenha sempre em mente que o que você matou era um amor-zumbi, e não um amor de verdade. Não tem lá muito sentindo ficar chorando por um zumbi que há pouco tempo atrás estava correndo e espumando querendo arrancar e comer seu coração.
E de resto, aproveita o que a vida ainda tem para te dar! Que é muita, mas muita coisa mesmo! Mas lembre-se sempre de andar com seu “O guia de sobrevivência aos zumbis” no bolso....você nunca sabe bem quando seu proximo amor vai virar um zumbi.

Tuesday, March 24, 2009

Santa Chuva

Vai chover de novo
Deu na TV
Que o povo já se cansou
De tanto o céu desabar
E pede a um santo daqui
Que reza a ajuda de Deus
Mas nada pode fazer
Se a chuva quer é trazer você pra mim
Vem cá, que tá me dando uma vontade de chorar
Não faz assim
Não vá pra lá
Meu coração vai se entregar
À tempestade...


Quem é você pra me chamar aqui
Se nada aconteceu?
Me diz?
Foi só amor? Ou medo de ficar
Sozinho outra vez?
Cadê aquela outra mulher?
Você me parecia tão bem...
A chuva já passou por aqui
Eu mesma que cuidei de secar
Quem foi que te ensinou a rezar?
Que santo vai brigar por você?
Que povo aprova o que você fez?
Devolve aquela minha TV
Que eu vou de vez
Não há porque chorar
Por um amor que já morreu
Deixa pra lá
Eu vou, adeus
Meu coração já se cansou de falsidade...

Tuesday, February 10, 2009

Procurando meio assim
Sei eira nem beira
No sol das sombras
Seu sussurro aconchegante

Mas você não estava mais lá...


...... nem eu.

Saturday, February 07, 2009

Não, a gente não morre.

Não, a gente não morre. A gente quer morrer, mas a gente não morre. A dor é tanta, mas tanta, que seria muito melhor se a gente morresse. Mas a gente não morre. Tudo dói, as nuvens, o vento, o sol, as estrelas, o ar, o céu, o universo...a vida dói. Mas a gente não morre. O que mais dói, talvez, sejam as lembranças, essa coisa etérea e imaterial e quase incompressível que nos faz desatar em prantos homéricos, dignos das maiores tragédias gregas, dignos dos filmes mais cults desconhecidos da década de 80. Toda a noção de anatomia se faz perdida. O coração para no estômago, e cérebro desce pro coração, os intestinos viram do avesso, os olhos quase viram água de tanto chorar, mas, talvez por um milagre, contrariando a ciência, a gente não morre. Dormir é difícil, mas ficar acordado é pior ainda. A gente se torna um zumbi, naquele limbo da vida onde tudo perde a cor, onde olhos só ardem, secos de tanto lagrimejar, 80% de água do nosso corpo de esvai em lágrimas, a cabeça dói, pulsa pura dor. Mas a pior reside no peito, aquele vazio que parece que vai afundando, afundando, até você ser totalmente sugado para o escuro do seu próprio ser. Sem falar nos surtos de medo, medos da sombra que nos seguem na rua, a sombra do ex amado com um futuro amor. Mas não se preocupem, a gente não morre.
Por mais que a gente lute contra, o sol vai nascer, dia após dia, e o mundo, por mais que a gente não aceite, vai continuar sendo um lugar bonito para se viver. Os órgão tomam os seus devidos lugares, as flores começam a voltar com suas cores lindas e brilhantes, o vento sopra e faz nossa alma voar leve novamente. O mundo não é mais um borrão de lágrimas e a gente reaprende a sorrir.
Não, por mais que ficar sem a pessoa que a gente ama seja quase como morrer, relaxe. A gente não morre, pelo contrário, nos tornamos muito, mas muito mais forte. Fortes pra continuar andando nesse mundão véi de Deus.

Wednesday, January 21, 2009

Alí.

Um pouco mais pra esquerda.
Agora pra cima.

Isso.

Abre um pouco.
Embaixo.

Ok.

Belo sorriso que tem.

Monday, January 12, 2009

Mosquito da saudade

Saudade é aquela coisa meio besta. Quem vem assim, sem mais nem menos, quando você está menos esperando. Saudade é aquela coisa assim meio à toa. Parece mosquito tonto. Daqueles bem chatos. Que zumbem, zumbem e por mais que a gente tente ignorar, uma hora ou outra ele vai, sim, acabar pousando dentro do seu ouvido ou te picando bem atrás da dobrinha do joelho.
Estava lá eu, na minha pacata vida, no olhar abestado da neve caindo da janela, não querendo pensar em nada, sabe? E foi desse meu abestalhamento que ele tomou proveito, o mosquito tonto da saudade. Pousou dessa vez bem dentro do meu olho e a única coisa que me restou foi começar a chorar pra ver se eu mandava o maldito embora. Chorei, chorei, chorei.
Chorei de saudade do que foi, do que é o do que ainda vai ser. Esses mosquitos são meio perigosos, sabe? Todo mundo que é atacado por eles fica assim meio bobo, chorando à toa pelos cantos, chorando vendo foto, chorando lendo carta, e-mail, vendo o sol, a lua....Tanta gente morrendo de sede eu aqui jogando água pelos olhos! Mas será que dá pra beber essa água que vai dos olhos? Pena que é tão salgada....Senão o problema do Mundo tava é resolvido, era só todo mundo começar a chorar de saudade que acabava com o problema de falta d’àgua a torto e a direito. Por que saudade todo mundo tem de sobra, né não?