Monday, November 17, 2008

Você, meu senhor, por acaso tem todas as respostas?

Ele bateu na minha porta, na minha porta. Era domingo e eu não esperava visitas. Achei que era alguém pedindo comida, dinheiro...
Me surpreendi. Quando abri a porta e antes de abrir a boca para lhe dizer que fosse incomodar o vizinho, ele foi mais rápido e perguntou-me : "Você tem respostas?" Fiquei em silêncio. Observei-o estagnada, de cima para baixo, não me lembro se estava bem ou mal vestido, não me lembro da cor de seu cabelo, olhos ou pele. Lembro-me somente do meu reflexo nos seus olhos, minha cara de espanto.
Dei-lhe um prato de comida, água e todo o dinheiro que eu tinha no bolso. Ele negou. Tudo. Fiquei ainda mais pasma. Absurdo!! Senti-me só, insultada, triste e com medo pois eu tinha tudo, menos o mais importante, as respostas. Odiei-o por alguns minutos pois nunca havia me sentindo mais vulnerável em toda a minha vida! Ninguém teria o direito de chegar em minha casa, em pleno domingo, e soprar meu castelo de cartas tão cuidadosamente montado durante anos. Preferia andar nua em frente a uma multidão. Antes de eu abrir a boca para insultá-lo e fechar a porta na sua cara, ele segurou minha mão de uma maneira suave, como que me acalmando e me disse: "ache as perguntas. Depois pense nas respostas." E Partiu. Virou o corredor e sumiu. Fiquei perdida mas ao mesmo tempo me sentia mais calma. Água quente nos pés cansados, não resolve mais ajuda.

Saturday, November 15, 2008

Não, não me falem. Hoje, somente hoje, não lhes falarei. Guardo minhas palavras, o ressoar da minha voz, para mim mesma. Hoje, somente hoje, não abrirei a janela, não sairei de casa, não atenderei ao telefone. Hoje, darei atenção as minhas paredes, não ás paredes que me cercam fisicamente falando, mas minhas paredes da alma. Hoje farei a minha reforma, colocarei alguns quadros bonitos, consertarei algumas rachaduras aqui e ali, passarei a vassoura embaixo da cama e colocarei pra fora um lixo recheado de lembranças antigas e doloridas. Hoje, abrirei minha janela e afinarei meus ouvidos para escutar o que eu me tenho a dizer. Faz tanto, mas tanto tempo, no não tenho tempo pra me ouvir cantar, respirar, chorar, sonhar. Hoje darei aquela boa espreguiçada e deixarei meu corpo se estender preguiçoso embaixo das cobertas de sonhos quentes e macios. Foi colocar tudo no lugar e hoje, somente hoje, escolho ficar sozinha para poder ficar um pouco a mais comigo mesma.